Mensagens do Provedor
A Crise
Caros amigos e colaboradores.
Estamos em crise.
- Crise económica e financeira do país.
- Crise na falta de confiança dos cidadãos nas medidas apontadas pelo Governo; talvez por falta de conhecimentos mais profundos sobre a matéria.
- Crise na falta de alternativas verdadeiramente credíveis e convincentes.
- Crise na falta de confiança no futuro.
Estas e outras crises associadas, acabam por carregar as famílias portuguesas,
principalmente as mais carenciadas, de grandes angústias, pois tudo à sua volta
se pode transformar em tragédia. Desde o espectro do desemprego, os magros
orçamentos familiares não chegarem para os gastos básicos da alimentação e
sobrevivência, os desvios comportamentais provocados pelo desespero, o aumento
da delinquência e, por último, a falta de Instituições para responderem a este
tipo de situações já tão abundantes no país.
Por questões de princípio, devemos acreditar que as medidas propostas pelo
governo que o povo português escolheu, embora anti-sociais e drásticas, serão
o melhor que se pode fazer para se voltar a repor o equilíbrio económico/financeiro
do país e a confiança em geral.
De maneira nenhuma quero advogar sobre tal matéria, pois embora como cidadão tenha
a minha opinião, considero os meus conhecimentos demasiado frágeis sobre tamanha
dimensão e complexidade de ministérios, empresas, serviços, e milhentos pormenores
que todos os anos, muitas vezes ao sabor de acasos pontuais, acabamos por saber via
comunicação social. E mesmo aqui, teremos de considerar que a publicidade também
precisa de alguns ramalhetes.
Agora, embora com o cargo de Provedor, não posso demitir-me de ser cidadão e gestor.
E, nessa qualidade, também tenho o direito de viver com apreensão a conjuntura
político-social do país, pois as Instituições de Solidariedade, enquanto parte
integrante da conjuntura social e económica do país, vivem em coabitação com a
legislação e normas institucionais e com as famílias e pessoas mais carenciadas.
Tenho consciência também que não podemos parar; que o amanhã se constrói hoje.
Não o fazendo, corremos o risco de que os nossos utentes vindouros, pela própria
evolução da vida, se sintam marginalizados por não haver Instituições com instalações
e acompanhamento à altura das suas necessidades e hábitos de vida, então adquiridos e
legítimos.
E é nestas condições, como qualquer cidadão português, pese embora a dimensão da
responsabilidade, que também me questiono sobre o que nos espera no futuro. Será
melhor ficarmos a agonizar, até nos permitirem mantermos as nossas instalações
menos adequadas às normas actuais, ou vamos ter que continuar a investir para o
futuro, acreditando que seremos todos capazes de ultrapassar esta crise instalada?
Mesmo sabendo que teremos de continuar a fazer alguns sacrifícios, acredito que nos
orgulharemos de poder vir a usufruir de instalações e prestação de serviços que nos
dignifiquem, e valorizem o bem-estar dos nossos utentes.
Para terminar, não posso deixar de, ironicamente, fazer uma singela comparação
com as decisões governamentais, ou seja, vamos ter de hipotecar um pouco o
presente se queremos ter um futuro melhor.
Um bem-haja e até á próxima edição.
O Provedor
Luís Venturinha de Vilhena