Mensagens do Provedor
Preocupações, austeridade e sustentabilidade
Caros Amigos/as
Recentemente estive presente na Assembleia Geral das Misericórdias Portuguesas, em Fátima,
tendo como principais pontos da Ordem de Trabalhos: Informações do Secretariado Nacional;
Apreciação, Discussão e Votação do Relatório e Contas 2011; Sustentabilidade das Misericórdias.
Foi também aprovado por unanimidade e aclamação um voto de louvor ao Presidente da U.M.P.,
Dr. Manuel Lemos, pelo trabalho desenvolvido à frente da organização.
Dentro da minha limitada experiência, devo dizer que esta foi a maior, ou das maiores
assembleias a que já assisti na U.M.P., uma vez que se esgotaram todos os lugares sentados,
tendo o pessoal que se atrasou ficado de pé, numa demonstração clara das preocupações que
grassam pela generalidade dos Provedores e Misericórdias.
Através das informações veiculadas pelo Presidente e restantes membros do Secretariado
Nacional da U.M.P. e intervenções dos provedores presentes, ficou bem patente a preocupação
generalizada sobre as medidas de austeridade implementadas no país que se começam a reflectir
nas Misericórdias.
Perante esta conjuntura, era evidente a avidez das pessoas presentes em ter conhecimento
sobre o que se iria ouvir na assembleia, com a esperança de surgir alguma boa notícia de
forma a apaziguar as incertezas e angústias. Na realidade, a maior parte do tempo da
assembleia foi ocupado com números e preocupações, mas infelizmente sem soluções imediatas,
a não ser a promessa de se ir reforçar, mais uma vez, as acções junto do governo, de forma
a acelerar os compromissos assumidos de apoio às Misericórdias mais debilitadas.
Sendo as Misericórdias uma Irmandade, podemo-nos interrogar sobre o porquê da desigualdade
entre Misericórdias. Então porque é que as Misericórdias mais fortes não ajudam as mais
fracas? Os desequilíbrios terão a ver com as competências dos Provedores, ou com a dimensão
da generosidade que os cerca? Ou então ainda das condições técnicas e humanas de que dispõem?
Enfim, qualquer destas questões pode ter influência nas actuais circunstâncias.
Dentro deste contexto, como é do conhecimento geral, infelizmente existem Misericórdias com
meses de salários em atraso, enquanto há outras que estão orgulhosamente a trabalhar para a
Certificação da Qualidade, entre outros projectos de melhoria e expansão. Estando a falar em
extremos de instituições irmãs, poderemos considerar que o nosso caminho solidário ainda tem
um longo percurso à sua frente, uma vez que ainda estamos um pouco “cada um por si”, embora
já se tenham dado passos sólidos na partilha de apoios e conhecimentos, especialmente da parte
da U.M.P. e Misericórdias, apesar de ainda claramente insuficientes.
Sendo desejável que todas as Misericórdias possuam as suas próprias autonomias com dignidade,
pois é a forma de melhor cumprirem as suas Missões Sociais, é também saudável haver Misericórdias
mais avançadas para servirem como modelo, tanto de qualidade de serviços prestados como capacidade
de gestão organizacional e económica, desde que possam transmitir os seus métodos e experiências
às mais frágeis, ajudando-as a criar novos caminhos e perspectivar soluções alternativas.
Houve um grande enfoque na redução de custos, terminando o Dr. Manuel de Lemos com um apelo às
Misericórdias no sentido de se esforçarem e unirem de forma a comprarem em conjunto, para que
volumes mais elevados conduzam à redução de preços.
Apesar de não conhecer em pormenor as grandes dificuldades que algumas Misericórdias atravessam,
é notório que as maiores aflições se concentram nas instituições que anuíram aos Cuidados Continuados,
não só pelos avultados investimentos feitos e responsabilidades assumidas, como pelo incumprimento
por parte das Entidades responsáveis.
De registar ainda a mensagem final da Presidente da Mesa de Assembleia, Dra. Maria Belém, alertando
para que as preocupações económico/ financeiras demonstradas, não ponham em causa a verdadeira missão
do Compromisso das 14 Obras das Misericórdias.
Em conclusão, podemos constatar que face às preocupações da esmagadora maioria dos portugueses,
entidades e governo, causadas pelas restrições das medidas de austeridade, também as Misericórdias
não conseguem ficar isentas, sendo esta assembleia uma demonstração clara da necessidade de se fazerem
ouvir na procura de soluções para a sua viabilidade e sustentabilidade.
Um grande Bem-haja para todos.
O Provedor
Luís Venturinha de Vilhena