Uma Instituição centenária, como a nossa, tem rituais e tradições que nos cumpre manter. Há, contudo e infelizmente, circunstâncias extraordinárias que nos impedem a concretização das iniciativas que, por hábito, dávamos por adquiridas. Os últimos 23 meses foram, como é do conhecimento de todos, um período totalmente atípico e que exigiu, de todos aqueles que trabalham na Santa Casa, maior dedicação aos utentes, mais empenho no cumprimento das regras e menor atenção à celebração das nossas tradições.

As comemorações do aniversário da SCMS serão, pelo segundo ano consecutivo, canceladas. Nem poderia ser de outro modo. A atual situação pandémica, mesmo sem as consequências graves que já teve, recomenda prudência e a adoção de medidas restritivas. Vamos aguardar o tempo estritamente necessário para ultrapassar estes perigos e, logo que possível, celebraremos a alegria de viver e a consistente atividade desta Misericórdia ao serviço dos mais vulneráveis.

Os nossos utentes seniores, residentes na Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, passaram por momentos muito difíceis, de isolamento e falta de contacto físico com os seus visitantes. As medidas compensadoras que adotámos não são nem nunca serão equivalentes à liberdade que gozavam antes da pandemia. Os restantes utentes, idosos ou jovens, sofreram como a generalidade da população, mas, atendendo às suas características de maior vulnerabilidade e carência, sentiram estas consequências com maior grau de sofrimento.

Coube aos trabalhadores da Santa Casa tudo fazer para atenuar os efeitos negativos das restrições implementadas, estando atentos aos sinais que demonstrassem sintomas preocupantes de saúde física ou mental. É de realçar a entrega e o compromisso que sempre manifestaram para com o bem-estar dos nossos utentes.

Tivemos e temos muitos apoios e ajudas de entidades, empresas e cidadãos que, uma vez mais, não nos abandonaram. A todos agradecemos, com apreço e reconhecimento.

Aos nossos utentes e às respetivas famílias e amigos quero deixar uma palavra de ânimo e de esperança. Iremos ultrapassar esta pandemia e voltaremos a ter bons e melhores dias para, coletivamente, desfrutar a vida.

Em breve, voltaremos a ser mais felizes.


Sines, 22 de fevereiro de 2022


O Provedor

Eduardo Bandeira