Mensagens do Provedor

(Des)igualdades


Provedor Luis Venturinha Caros amigos e colaboradores


Sem pretender filosofar, pois é sabedoria da qual não me advogo, procuro hoje fazer uma breve reflexão sobre a questão da igualdade.

Diz-se na gíria popular, que quando nascemos, “nascemos todos nus”; ora, aqui estamos perante uma afirmação que nos aponta para o conceito de igualdade, ou seja, pelo menos uma vez na vida somos todos iguais, neste aspecto. De alguma forma estou de acordo; porém, é uma realidade que ocorre enquanto o feto se desenvolve no ventre da mãe, ou nos breves momentos após o nascimento. Por quando chega a hora de se cortar o cordão umbilical e aconchegar um recém-nascido, já tudo muda de figura e começam as diferenças: o “berço de ouro”, ou, usando a metáfora bíblica, “nas palhinhas deitado”.

Também ouvimos a voz do povo dizer que “quando morremos, vamos todos deitados”, com o sentido de mais uma vez sentirmos que também na morte seremos todos iguais; questiono, seremos? Se o formos, penso que será ainda por mais reduzidos segundos, o que quer dizer que a nossa igualdade é bastante efémera.

Embora muitas pessoas e organizações sempre tenham idealizado, lutado e sofrido pela igualdade dos Direitos Humanos, o que considero um acto meritório e altruísta, resume-se, em meu entender, a um desígnio: reduzir as desigualdades sociais, o sofrimento humano e uma melhor distribuição da riqueza.

Neste contexto, é meu desejo, e penso que de todos os provedores, proporcionar o maior bem-estar possível a todos os nossos utentes, de forma que seja respeitada a cidadania e, sempre que possível, tentar um tratamento igualitário, humano e adequado a todas as suas necessidades. Mesmo que as intenções sejam boas, as dificuldades são bastante mais, pelos mais variados motivos. Começa pela forma como a pessoa aceita o seu novo estatuto de vida, a sua capacidade de adaptação e reacção, a qualidade do equipamento onde está alojada, a forma como se relaciona e é tratada, a sua capacidade de entrega, e receptividade, a capacidade de dar e receber, de odiar ou de amar.

Enfim, uma infinidade de razões que nos condicionam, mas não nos desmotivam, que encerram muitas incógnitas, mas em simultâneo nos desafiam à descoberta e procura das soluções mais eficazes e possíveis, dentro de um mundo onde se cruzam os vários extractos sociais, as desigualdades culturais e políticas e que dificultam, em grande medida, as tentativas de tratamento igualitário dentro das organizações das Misericórdias e restantes instituições sociais.

As dificuldades existem, mas coexistem também os desafios e a vontade de fazer melhor. Tenho consciência que a luta não é fácil, e muito menos pode ser ganha com a brevidade dos nossos desejos. Este tipo de luta não se pode medir pelo tempo, mas sim pelo acreditar nos objectivos, sempre com o espírito de nos erguermos por cada queda que nos aconteça.

Actualmente as coisas poderiam estar mais fáceis no que respeita à nossa Misericórdia, mas continuamos perseverantes na procura de novas ideias e acções, de forma a conseguirmos evoluir para soluções e práticas inovadoras a bem da Misericórdia, utentes, funcionários e todos em geral.

Para os que estão ou partem para férias, desejo um bom descanso e a recuperação de energias para os desafios que nos aguardam.


Um bem-haja e até á próxima edição.



O Provedor

Luís Venturinha de Vilhena


Sines, 21 de Julho de 2010.


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